Visitar o Museu Egípcio do Cairo é viajar pelo tempo, tanto por causa das obras expostas, quanto por conta das instalacões do museu, que são as mesmas desde que ele foi fundado em 1902.

O museu nasceu do esforço de gestionar o patrimônio egipcio que estava sendo quase que inteiramente levado ao Louvre pelo arqueólogo francês Antoine Mariette. Em 1835, o entao presodente Mohamed Ali proibiu a exportacao de antiguedades e nomeou Antoine como chefe do Serviço Egipcio de Antiguedades. A coleção de Antoine, fruto de mais de 35 escavaçoes, foi então guardada no Museu Egipcio. No entanto, a falta de manuntenção e segurança levaram ao deterioro e ao saque de vários tesouros.

O museu tem dois andares e documenta a vida na época dos faraós e um pouco da história da egiptologia. O ponto alto, sem dúvida, é o tesouro do faraó Tutankamón e dos seus bisavós Yuya y Tuyu, pais da rainha Tiy.

Muitos dos objetos estão sendo transferidos para o novíssimo Grande Museu Egipcio que está sendo construído perto da área das Pirâmides de Gizé.

Antes de entrar no museu, passeie pelo jardim e veja as diversas pequenas esfinges que foram encontradas em várias escavações e os túmulos de vários arqueólogos como Antoine Mariette e o busto de François Champollion que decifrou o código dos hieroglifos.

Logo na entrada estão as tumbas de vários faraós que foram encontradas dentro de suas pirâmides. Uma relíquia é a triade do faraó Menkaure com a coroa do alto Egito junto à deusa Hathor e a personificacao do Alto Egito encontrada em 1908 em Gizé.

No átrio do museu também está a Paleta de Narmer (Mena), o primeiro imperador da Dinastia I, mostrando-o com as duas coroas, do baixo e alto Egito, representando a unificação dos reinos e marco do ponto de partida de mais de 3000 anos de história faraônica, que contou com mais de 170 governantes e 30 dinastias. Estas paletas eram usadas para macerar perfumes ou maquiagens em rituais e cerimônias. Esta especificamente foi encontrada no templo de Horus, o deus falcão, perto de Edfu.

As estátuas do príncipe Rahotep e da princesa Nofret da IV Dinastia representa a arte desse período com uma representação bem frontal. O homem está representado com uma cor mais laranja por estar todo o dia no sol e a mulher com uma cor mais pálida. Os olhos são vívidos pela incrustração de cristal e cobre.

Também encontramos a estátua do faraó Djoser, o faraó da Dinastia III que encomendou ao seu arquiteto Imhotep a construção da pirâmide escalonada de Saqqara.

Dentre as obras do Império Antigo se destacam a estátua do faraó Quefren, o construtor da segunda pirâmide, cujo rosto está representado na Esfinge e que foi encontrada pelo arqueólogo francês Antoine Mariette em 1860 em uma das escavaçoes em Gizé. O faraó está representado com um falcão atrás da cabeça, símbolo do deus Horus, com as asas abertas em sinal de proteção.

Já o faraó Queops, construtor da primeira pirâmide, dedicou toda sua vida à sua construção e somente uma pequena estátua foi encontrada dentre as suas relíquias. Encontrada em 1903 representa o faraó sentado em seu trono com a coroa do baixo Egito.

Também se destaca o Escriba Sentado, da Dinastia V, uma figura esculpida em pedra calcária com as maos a postos para tomar um ditado. Os olhos de vidro encrustrados lhe conferem um grande realismo e a peruca atras das orelhas significa atenção para escutar.

As esfinges em pedra negra foram esculpidas para o faraó Amenemhat e trasladadas por Ramsés II a seus templos. Um destaque é que elas possuem cabeça de Leão e não humana como as esfinges tradicionais e são chamadas “Estatuas de Tanis”, porque foram encontradas na cidade de Tanis, capital do Egito durante a Dinastia XXI.


Um pouco mais para frente está a estátua colossal de Amenhotep III com 7 metros de altura de 1390 a.C.

Há uma parte dedicada à Hatshepsut, a mais poderosa faraó mulher, com uma estátua de granito rosa de tamanho natural e um busto.

A sala Amarna representa o faraó Akenatón que trasladou a capital à Amarna, fechou os templos tradicionais do deis Amon e promoveu o deus Sol, Aton, em seu lugar.

Também propiciou um período de grande liberdade artística, representada nesta sala. Sua estátua representa uma forma hermafrodita do rei.

A obra mais surpreendente é a cabeça inacabada de Nefertiti, esposa de Akenaton. A obra mestra desse busto está no Nueues Museum em Berlim.

Ramsés II, o mais famoso faraó egípcio, que se casou com mais de 60 mulheres e teve mais de 100 filhos, construtor do templo de Abu Simbel e do de Nefertari em homenagem a sua esposa preferida, também conta com várias representações no museu.

Na sala grecoromana se destaca a estátua de Alexandre o Grande que dominou o Egito por vários anos.
No primeiro andar estão as salas das múmias reais dos faraós mais ilustres das Dinastias XVII a XXI, como Amenófis I, Hatshepsut, Ramsés II, Meremptah etc.

Antes do achado da tumba de Tutankamón, o achado das tumbas de seus bisavós, Yuya e Tuyu foram o achado mais espetacular da arqueologia egípcia.

Descoberta praticamente intacta no Vale dos Reis em 1905, continha uma série de tesouros, como cinco sarcófagos dourados dela e 7 dele (se enterravam um dentro do outro) e as duas múmia extremamente bem conservadas. O destaque sãos as máscaras funerárias douradas e decorada com pedras preciosas.

O ponto alto do museu, sem dúvida, é a Galeria de Tutankamón que vem em seguida.


O faraó governou por somente 9 anos e ficou famoso porque em 1922 o arqueólogo inglês, Howard Carter, desenterrou sua tumba intacta. Sua localização escondida no Vale dos Reis, debaixo da tumba saqueada de Ramses VI, contribuiu à sua preservação e evitou sua descoberta por muito tempo. Se acredita que todos os tesouros da época de Amarna foram enterrados com ele para serem esquecidos.

São mais de 1700 objetos repartidos em uma serie de salas, muitos de ouro e muitos representando como era a vida do faraó.

Duas estátuas de tamanho natural de Tutankamon foram encontradas na antecamera da tumba; o trono de leão do faraó coberto com ouro e tracejado com lápislázulis, coralina e outras pedras preciosas.

Na tumba foram encontradas muitas estátuas de ouro, incluidas 28 deidades protetoras e 413 serventes.
Também foram encontrados jarros e vasilhas de alabastro, 4 dos quais, possuiam tampas com a forma da cabeça de Tutankamón, e guardavam seu cérebro, intestinos, coração e pulmões, que também eram mumificados para serem usados na próxima vida. Este 4 canopes foram encontrados dentro de um cofre colocado no sepulcro.

Seu leito funerário estava sustentado pela deusa Hathor, com cabeça de vaca, representando a fertilidade, pela deusa Sejmet, com cabeça de leoa representando a batalha e a pela deusa Ammyt, que comia o coração dos condenados.
Na parede se pode visitar parte do guarda roupa de Tutankamón, como túnicas com ouro e pedras, meias e 47 pares de sandálias de papiro.

Um pouco mais para frente estão quatro sepulcros enormes de madeira dourada, um dentro do outro, como matrioska russa, que continha o sarcófago de ouro do faraó dentro.

A sala 3 é a mais esperada, já que exibe o sarcófago de ouro do faraó Tutankamón que pesa 110kg, suas jóias e a famosa máscara mortuária que se tornou um ícone egípcio. Feita em ouro maciço, pesa 11kg, e cobria a cabeça da múmia. Ela é um retrato idealizado do faraó jovem. Os olhos foram feitos de obsidiana e quartzo e o contorno dos olhos e as sobrancelhas de lápislazuli.