Amigos e amigas sejam bem vindos a mais uma aventura, hoje na paradisíaca Ilha de Korcula na Croacia.

Ilha famosa por suas praias e cidades medievais e principalmente porque se acredita, que, aqui foi a cidade natal de Marco Polo. Marco Polo foi um famoso mercador e viajante, não se sabe ao certo se veneziano ou croata, que descobriu países jamais mencionados antes no Velho Continente, como a Mongólia. Também foi fonte de inspiração a Cristóvão Colombo para que fizesse sua viagem às Américas.
A Ilha Korcula é uma das ilhas mais verdes do Mar Adriático, mais de 60% do seu território está recoberto por vegetação e por isso chegou a ser chamada pelos Gregos de Corfu Negra, a versão croata da sua ilha irmã Corfu, que pertence à Grécia.

Dentre as árvores que mais se destacam estão as videiras e as oliveiras. De toda a Croácia, me contam que aqui se servem os melhores vinhos do país, com especial destaque ao vinho branco de uma uva muito especial chamada Grk.
Dizem que nesse pequeno pedaço de terra, a ilha tem uma superfície de de 279 km2, sendo 47km de cumprimento por 8 km de largura, existem centenas de vinicultores, que cultivam suas uvas e produzem seus vinhos localmente em pequenas vinículas familiares.

A Ilha de Korcula localiza-se a cerca de 20 km da Costa da Dalmácia, a meio caminho entre Dubrovnik e Split de onde é possível pegar um ferry e chegar até aqui. Korcula faz parte do arquipélago central da Dalmácia, separado da península de Pelješac pelo Estreito de Pelješac.

Hoje, 17 mil pessoas vivem na ilha, o que a tornou a segunda ilha mais populosa do Adriático, só perdendo para a ilha de KrK, não tão conhecida turisticamente. 97% da sua população é croata puro sangue e alternam dois idiomas: o croata tradicional e um dialeto chamado croata tchakaviano que é uma mistura de croata com grego, romano, veneziano e palavras técnicas de navegação marítima. Que incrível!
Atualmente, a moeda local é o Kuna. Hoje 1 kuna equivale a 0,13 centavos de euro ou 0,70 centavos de real.

Apesar de que a Croacia já faz parte da União Européia desde 2000 o país teve que aguardar que sua economia chegasse a um nivel determinado de desenvolvimento para que pudesse utilizar a moeda do Euro. Isso está previsto para acontecer em Janeiro de 2023. Ou seja, nesse momento se dará o fim da moeda atual, o Kuna.
Agora acho que chega de introdução e vamos começar a exploarar essa ilha paradisiaca, cheia de lendas e possível terra natal de Marco Polo.
A cidade de Korcula é cercada por enormes muralhas do século XIII. Para entender o porque destas muralhas, assim como as ruelas estreitas e íngremes e os edifícios da cidade amuralhada, temos que recuar 500 anos no tempo.

Ao longo dos séculos, Korčula foi dominada por gregos, romanos, bizantinos e eslavos, mas sua época de ouro começou no ano 1000 quando o duque Pietro II Orseolo de Veneza ocupou a ilha. Assim começou a era de la regencia veneciana, que durou até 1420. A influência italiana é notável em muitas das suas construções, costumes e gastronomia.
A atual Kórcula data do século XIV, no entanto existe documentação que evidencia a existência de muralhas já no século XIII. A época da sua construção coincide com o desenvolvimento da técnica de talha em pedra. Isso deu origem a um estilo característico dos seus edifícios e suas ruas e a lançou a fama da região. Seus afrescos eram levados à Veneza e Grécia. A partir do século XVI, os escultores de Korcula adicionaram decoração às colunas e brasões às fachadas dos edifícios, dando origem às suas ruas totalmente renascentistas e estruturas góticas originais.
Mais tarde, quando as ameaças de invasões diminuíram, os habitantes de Korcula começaram a construir suas casas fora dos muros, na parte sul da cidade. As ruas estreitas do novo bairro atraíam comerciantes e artesãos. Até hoje se celebra mercadinhos que vendem desde roupas e souvenirs a sushi.

Quando você chega a Kórcula de barco, suas muralhas são muito marcantes. Ancoramos no cais ocidental onde há uma torre com uma inscrição em latim do ano de 1592 que diz “Korcula foi fundada após a queda de Tróia”.

A Torre Veliki Revelin serve como entrada para a cidade murada. Dentro você encontrará um pequeno museu que fornece informações e mostra os trajes típicos da dança tradicional Moreska. Esta dança cavalheiresca é, típica de Korcula, e remonta à Idade Média. Um bom dia para vê-la seria visitar a cidade No dia 29 de julho, dia da festa de São Teodoro (o padroeiro local). A torre é decorada com os brasões dos duques de Veneza e dos governantes de Korcula, que são evidências do antigo domínio da cidade.

Uma vez dentro do centro histórico, você verá que é muito pequeno e pode ser facilmente explorado (talvez uma hora seja suficiente). Suas ruas de mármore estão cheias de edifícios renascentistas e góticos.

Ele está organizado em torno de uma rua principal, com cerca de 200 metros de comprimento, que possui duas portas de entrada nas laterais. A partir daí as ruas seguem em forma de espinha de peixe.

E um fato muito interessante é que esse traçado particular das ruas de Korcula, em forma de espinha de peixe, com as ruas ligeiramente arqueadas, não foi concebido ao acaso. O objetivo era que o sol da tarde e o da manhã banhasse as ruas da cidade, sem produzir calor sufocante ao meio-dia na época de verão.

Em contrapartida, no inverno, esse formato arqueado das ruas evitam as fortes rajadas de vento. Esse fato faz com que passear pela cidade seja um verdadeiro deleite a qualquer hora do dia.
Na rua principal, localizada na parte mais alta da cidade, encontramos o monumento por excelência de Korčula, a famosa Catedral de São Marcos. A construção da catedral deveu-se à nomeação de Bispo da cidade no século XIV e à prosperidade económica graças ao artesanato em pedra. Foi utilizada a pedra calcária de Kórcula e sua construção durou 150 anos.

É de estilo gótico do tipo basílica românica. O pórtico é esculpido por Bonino de Milan Campione. Dois leões segurando um cordeiro em suas garras são esculpidos em consoles altos. Sob suas pernas estão um homem e uma mulher colocados em lâminas e representam Adão e Eva.


Sua fachada tem uma rosácea adornada com um friso esculpido com personagens imaginários, como uma sereia com duas caudas e uma cabeça de elefante estilizada.

A catedral tem três naves, os corredores são de tamanhos diferentes e as paredes não são paralelas. Na nave central atrás da cúpula encontra-se o cibório e um dossel sobre o altar-mor, no qual aparece a pintura de Tintoretto representando os três santos da cidade.

À esquerda do coro encontra-se uma bela porta gótica que dá acesso à sacristia e está decorada com motivos musicais.

No ano de 1557, a catedral instalou um órgão, no entanto, um novo órgão foi construído em 1787 por Don Vinko Klisevic.

Jacopo Tintoretto pintou o retábulo da Catedral de Korcula com pinturas renascentistas junto com outros mestres que são muito valiosos.


Nos tempos modernos, a catedral foi decorada com uma estátua de bronze de Jesus Cristo, obra do escultor croata Frane Krsinica. A estátua está localizada no batistério.

As estátuas, entre outras obras, foram esculpidas pelo grande artista croata Ivan Mestrovic.

Na própria praça, ao lado da Igreja, avistamos uma pequena porta, que leva ao batistério, de onde se pode subir à torre. A torre da catedral é mais antiga que o prédio, pelo menos no primeiro andar. Neste primeiro andar está o quadrante do relógio. O segundo andar é gótico e termina com um terraço com cúpula octogonal que foi construído por Marko Andrijic, que é o escultor mais famoso da ilha.

Além disso, do topo da torre você desfrutará de belas vistas de todo o centro histórico de Korcula. Podemos avistar o Palácio Gabriellis (século XV) onde se encontra actualmente o Museu da Cidade, local onde se expõem cerâmica grega, cerâmica romana e mobiliário. Seus pisos são originais das antigas oficinas de alvenaria de pedra que existiam na cidade.

Ao lado da Igreja vemos o Palácio da Abadia, do século XIV, onde guarda-se o tesouro da abadia e estão expostas duas pinturas de Tiziano.

À esquerda da catedral encontramos a Igreja de San Pedro de arquitetura gótica com o portal renascentista.



Seguindo pela mesma rua encontramos a “suposta casa de Marco Polo”. Um dos lugares mais visitados em Korcula. Embora não esteja totalmente claro se ele realmente nasceu aqui ou em Veneza, seus habitantes estão tão convencidos disso que decidiram fazer de sua casa um museu.

Justificam a afirmação com base em fatos acontecidos no verão de 1298, quando uma frota militar genovesa ancorou em Korcula.
Após o desembarque, dedicaram-se a saquear esta possessão da República de Veneza e, entre outras afrontas, saquearam uma mansão localizada bem perto da Catedral de San Marcos, que pertencia a uma família chamada Polo.
Semanas depois, na manhã de 6 de setembro de 1298, uma frota militar veneziana foi avistada em busca de vingança. Entre seus marinheiros estava Marco Polo, então com quarenta e quatro anos e que financiou essa operação de punição junto com outros mercadores a fim de resgatar sua casa natal.
De acordo com o que dizem em Korcula, Marco Polo nasceu nesta ilha em 15 de setembro de 1254, e lá viveu até se tornar um homem grande (provavelmente 17 anos) e foi para o Oriente com seu pai e tio em uma nova viagem comercial à Ásia, na qual teriam visitado a Arménia, a Pérsia e o Afeganistão, percorrendo toda a Rota da Seda, até chegar ao Vietnã, Birmânia, Mongolia – países totalmente desconhecidos no Velho Continente – e finalmente à China.

As narrações afirmam que Marco Polo passou 23 anos a serviço de Kublai Khan, imperador da Mongólia e da China, tornando-se governador por três anos da cidade chinesa de Yangzhou e retornando a Veneza em 1295. Trouxe consigo elementos completamente desconhecidos dos europeus, como o macarrão feito de arroz e o sorvete.

Em 1295 Veneza estava em guerra com seu rival, a República de Gênova. Marco foi capturado e preso pelos genoveses. Foi nesta situação que em 1298, durante o seu período na prisão, conheceu o escritor Rustichello de Pisa, a quem contou as suas fabulosas viagens, que foram objecto do livro conhecido inicialmente como Il Milione, que se tornou o terceiro livro mais lido e mais vendido da história da humanidade imediatamente após a Bíblia e o Alcorão.
O nome do meio de Marco Polo era Emilio, de quem, segundo a lenda, fez surgir o termo “milhões”. Até então, os europeus se referiam a essa quantia como “milhares de milhares”, e ao ouvir Marco Polo contando suas histórias e exagerando-as, as pessoas relacionavam isso ao seu segundo nome Emilio, tornando-se o termo em “milione”. ”. Ele morreu em Veneza em janeiro do ano de 1324.
Sua casa ainda conserva as paredes e uma janela de estilo gótico, e no seu interior encontram-se painéis explicativos das aventuras do andarilho.
Outro fato curioso da cidade, é que o estatuto de Korcula seja mais antigo que o de Dubrovnik. Data de 1214, enquanto o Dubrovnik foi elaborado em 1272. Além disso, muitos de seus edifícios são mais antigos do que os de Dubrovnik, já que a ilha não foi afetada pelo grande terremoto. É por isso que é possível apreciar fachadas decoradas com brasões de antigas famílias nobres da ilha.

Passeando pelas ruas veremos suas casas de estilo gótico e renascentista, inúmeros museus com relíquias da Idade Média e esculturas de pedra altamente realistas.

Além disso, como já vimos em outros posts aqui no blog, vemos abaixo, a presença de ganchos de alvenaria nas paredes da casa, que serviam para subir os móveis pelas janelas, aos andares superiores, com o auxílio de uma corda. Como as casas eram extremamente pequenas era impossível subir os móveis por suas estreita as escadas.

Depois de visitar a cidade amuralhada, dedique-se a explorar a sua orla, chamada Riva, que fica fora do centro histórico. Esta zona da cidade é muito animada e tem várias esplanadas para comer e beber algo com excelentes vistas ao mar. Além disso, do porto você terá uma boa perspectiva das muralhas de Korcula.

Tem um bar de vinhos espetacular chamado Wine bar Bokar que oferece uma degustação com os três principais vinhos da ilha harmonizado com uma seleção de queijos locais, presunto defumado e outros frios.


Para jantar escolhemos o Pensatore Kitchen & Wine que fica em plena esplanada com vista para o canal de Pelješac. Aí repetimos o macarrão caseiro típico das ilhas da Croácia, feito ali mes o pelas vovós da Ilha. Isso sim é outro fato daqui, que dizem não precisar de policiamento porque as vovós estão em constante observação do vai e vem da cidade.

