Fes é a capital imperial mais antiga do Marrocos (leia-se a cidade antiga de mais de 1200 anos que fica dentro da muralha – a Medina Fes el Bali – que é patrimônio da humanidade pela UNESCO) e a primeira capital do país.
É a segunda maior cidade do Marrocos com inflências árabe, berberie, judia e da Andaluzia e é um dos melhores lugares do Marrocos para se fazer compras. É famosa pela cor azul cobalto presente em muitas peças de seu artesanato.
Nós ficamos em um hotel dentro da Medina, que é a cidade antiga de Fes, porque lá é que ficam as casas tipicamente árabes as “dar”. Fora da Medina a cidade é como outra qualquer, tem até McDonalds.
No entanto, na Medina náo entram carros, portanto o taxista vai te deixar na porta de entrada. Acontece que a Medina é um emaranhado de ruas, um verdadeiro labirinto e só nascendo lá para aprender todos aqueles caminhos sem se perder.
E como os marroquinos já sabem disso, assim que você colocar o pé na Medina, uma enxurrada de crianças virá se oferecer para te mostar o caminho em troca de uma gorjeta. E de quebra oferecerao os serviços de guia de seus pais, que sáo sempre guias “oficiais” do governo do Marrocos. Portanto, tome cuidado e peça para ele te mostrar a credencial original.
Mas como quem tá na chuva é pra se molhar e eu queria porque queria conhecer os curtumes de couro e nao tínhamos a menor ideia de como chegar lá, topamos. Saiu por volta de 100 Dirhams nós dois, coisa de US$25. Para ver a Medina do mirante, é preciso pegar um táxi, que você paga, claro, mas é bem barato.
O legal do guia é que ele conhece a Medina com a palma da mão e te leva para todos os pontos de interesse (realmente nao teríamos visto nem a metade das coisa se nao estivéssemos com ele), como a primeira universidade, as mesquitas, as diversas seções do souk – ouro, couro, especiarias, remédios, babuches etc, além de toda a história que ele conhece da cidade. Impossível de achar tudo isso sem ele, vai por mim.
O nosso ainda por cima era professor de história. A Medina está dividida em ‘quartiers’ ou ‘bairros’, o Europeu, onde vivem os estrangeiros, o Bairro Judeu, a Medina da parte alta e a Medina da parte baixa, onde moram os marroquinos.
Tudo o que é vendido na Medina de Fez é feito pelos artesãos, é muito bonito assistir o trabalho deles, esculpindo orações em lápides de mármore, fazendo tapetes, produzindo óleo de argan, tudo artesanalmente. Além disso na medina, composta por mais de 15 mil ruelas, não entram carros e todos os produtos são transportados por burros.
Os números de Fez são impressionantes: 300 mesquitas, 2.000 fontes de água, 2 milhões de habitantes e mais de 1 milhão de artesãos!
O grande número de fontes se justifica porque os árabes acreditam que construir uma fonte significa caridade, pois matará a sede de muitos. Então sempre que um marroquino peca, uma fonte nova surge para redenção dos pecados!
A loja de couros é uma das mais interessantes porque ali você conhece o Moulay Ab Delhab ou o ‘bairro’ dos couros onde eles fazem a coloração dos tecidos manualmente. O cheiro é tao ruim que assim que você entra te dão um galho de hortelã para colocar no nariz.
Dá dó de ver o trabalho dos marroquinos com aquele cheiro, aquele calor e toda aquela água suja (e ácida!) para amolecer o couro. A expectativa de vida deles não é muito alta por intoxicação com o cal que é colocado nas tinturas.
A de tapetes também é legal para ver as mulheres fiando e tecendo e nas de remédios que na verdade são uma mistura de farmácia + perfumaria, onde todos os remédios são artesanais feitos com plantas e sementes.
Lá há uma cooperativa de mulheres extraindo o óleo de argan das sementes. É um ótimo lugar para comprar alguns e os temperos também são vendidos aí.
Mas prepare-se para no final de cada ‘apresentação’ aguentar o assédio para a compra dos produtos. Alguns até tínhamos a intenção de comprar e foi legal, mas em outros não tínhamos interesse e o vendedor vai te mostrar 1200 modelos do item, um atrás do outro aí você diz – La Shukran (Nao, obrigada), entao ele abaixa o preço, faz cara de triste e pergunta se você não gostou do produto dele e se você nao levar, te xinga, te chama de pobre (em Inglês, para você entender, claro!) e te vira as costas e vai atrás de outro cliente hahaha. Mas é legal conhecer como tudo é feito e o passeio é imperdível!
Nao deixe de fechar o seu passeio com o tradicional chá de menta e os massinhas/ docinhos caramelados em uma das Casas de Chá da Medina.
À noite, por recomendação do dono do hotel fomos a um restaurante bem típico e ‘local’ o “Dar Batha” que fica em um ‘Riad’ lindo e a comida é maravilhosa. As saladas e legumes árabes que sao servidos de entrada sao magníficas, e olha que nem sou muito fa de verduras.
Mas nao se deixe acanhar. Os árabes são muito supersticiosos e por isso as fachadas e as portas das casas são sempre minúsculas e simples, mas quando você entra é um palácio. Foi o que aconteceu nesse local, uma portinha acanhada que jamais entraríamos e de repente um mini palácio cheio de ouro na decoraçao!
Aí, você vai me perguntar, e como vou achar meu restaurante na Medina? Simples! Ou você pede para recepcionista do seu hotel ligar para o restaurante e eles mandam uma pessoa para te guiar até lá (e te trazer na volta), ou você anota o nome e endereço do restaurante em um pedaço de papel, sai na rua e pede para algum dos meninos te guiarem até lá e depois dá uma gorjeta
5 Place Batha Oued Fejjaline, Fez 30030, Marruecos