O chamado Vale dos Vinhedos compreende áreas dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, a cerca de 130 km de Porto Alegre a uma altitude de 650 metros. Próximas dali, as cidades de Flores da Cunha, Caxias do Sul e Farroupilha também são importantes produtoras de uva.
Principal produtora de vinhos e espumantes do Brasil, a região do Vale dos Vinhedos obteve em 2007, o reconhecimento, pela União Europeia, de seu Selo de Indicação de Procedência. Em 2012 o INPI concedeu ao Vale dos Vinhedos o primeiro registro de Denominação de Origem (DO) para uma região produtora de vinho no Brasil.
Desde então cresceram a participação e a premiação dos vinhos gaúchos em concursos internacionais. O know-how é longo: a primeira cooperativa vinícola brasileira surgiu ali, nos anos 30 do século 20 em Caxias do Sul e região.
– Os vinhos
A produção do Vale dos Vinhedos, onde ficam as principais adegas do país, oscila entre 12 e 14 milhões de garrafas de vinho por ano. A Denominação de Origem representa mais um passo na proteção e regulamentação da produção de vinhos da região e permitirá às adegas ter um selo que reconhece a identidade regional do produto.
Demonstra que o produto é um patrimônio regional e segue uma série de normas desde o cultivo dos vinhedos até o método de fabricação o que inclui indicações no percentual das misturas, os limites na produtividade dos terrenos e na graduação alcoólica do vinho. Os vinhos tintos deverão usar principalmente a uva merlot e variedades auxiliares como as uvas cabernet sauvignon, cabernet franc e tannat.
Os vinhos brancos reconhecidos são de uva chardonnay, com riesling itálico como única variedade auxiliar, enquanto os espumantes brancos e rosados conterão chardonnay e/ou pinot noir como variedades principais e riesling itálico como variedade auxiliar. Os espumantes devem ser elaborados somente pelo “método tradicional”, com a segunda fermentação na garrafa, segundo as regras da Aprovale (Associação de Produtores de Vinho Finos do Vale dos Vinhedos).
A Aprovale conta com 31 adegas associadas, todas elas localizadas nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, localizados Serra Gaúcha, uma zona de clima temperado.
– Onde ficar
Toda essa tradição ampliou os roteiros turísticos e criou uma diversificada estrutura de hospedagem. Há pousadas simples ou luxuosas, hotéis com instalações modernas e o sonho de consumo de qualquer amante do vinho: a hospedagem na própria vinícola, com vista desde a janela do quarto para as curvas sem fim dos parreirais, que ficam especialmente animados na época da colheita, de janeiro a março.
Os mais conhecidos são o Spa do Vinho (em frente à Vinícula Miolo), o Hotel Villa Michelon e a Casa Valduga e a Pousada Cantelli super charmosa localizada nos Caminhos de Pedra.
Escolhemos o Hotel Villa Michelon pelo melhor custo-benefício e foi uma decisão acertada. O hotel tem uma área verde enorme, com vinhedos, jardins bem cuidados, lago, piscina e trilhas.
Ele tem uma ótima estrutura para crianças também. O café da manhã é bem servido com várias opções típicas da região. É ideal para famílias.
– Transporte
Para quem vem de longe, a maneira mais fácil de conhecer o lugar é alugar um carro já no aeroporto de Porto Alegre. Uma das locadoras que mais gosto no Brasil é a Movida que, na minha opinião, oferece as melhores tarifas e benefícios. Um carro permite circular entre as dezenas de vinícolas localizadas nas rodovias e “linhas” e ainda conhecer as casas e sobrados dos Caminhos de Pedra, projeto que preserva as origens dos primeiros imigrantes italianos, erguidas no final do século 19 e começo do século 20.
Uma alternativa de transporte são os traslados das agências de receptivo, cujos passeios de um turno ou dia inteiro propõem uma combinação de vinícolas, restaurantes, lojas e lugares históricos. Dá para misturar tintos, brancos, espumantes e grappas nas degustações, sem medo de precisar dirigir na volta.
– O que fazer e Quando visitar
No extremo Sul, cada estação do ano traz temperaturas diferenciadas. Visitar as vinícolas de junho a agosto agrega o charme extra da neblina e do frio, convidando os visitantes a se demorarem diante da fartura das refeições nas cantinas. Nós visitamos a Don Laurindo, a Miolo e a Chandon.
As temperaturas amenas do outono e primavera facilitam as trilhas a pé, de bicicleta e o circuito das atividades ao ar livre no Vale do Rio das Antas, especialmente o rafting. Os meses de calor tornam mais atraentes a Rota dos Espumantes, e quem visita o Vale dos Vinhedos de novembro a janeiro pode esticar a viagem até Gramado e Canela, a 118 km, para conferir a decoração ultraespecial do Natal Luz.
Outra opção de passeio é o trajeto de uma hora e meia da Maria Fumaça que percorre o trecho entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, em que atores, músicos e dançarinos interagem com os passageiros e a famosa visita à fábrica da Tramontina.